terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Um Conto de Natal à "CARIOCA"

Eta, que dezembro vai ser quente tanto quanto iluminado este ano. Pensei debruçando-me à janela na inteção de apreciar as casas vizinhas que na maioria estavam reformadas, caiadas e esbanjando energia elétrica.Pra dizer a verdade, não sei de onde tiram dinheiro pra alimentar as tantas gambiarras que piscam de deixar os olhos vesgos. Cada ano vem, surge uma novidade. Agora, além de piscarem correm tão rápidas que chega a dar a impressão de que vão romper as grades e fugir pras ruas,sem falar que dezembro tem mais fogos de artifícios que junho, mês tradicional, e Miguel não alivia, mal começa o ano e uma nova lista começa a correr pelo bairro. Gastam uma fortuna em fogos que se cabam numa madrugada só. nesta época me dá uma saudade de Afonso. Ele era quem gostava de esbanjar nesta época. Tinha, além da paciência, um talento incontestável pra decoração. ainda não era tempo e já começava a descer caixas do sótão. Passava noites esticando quilometros de fios, testando pisca-piscas e, no decorrer dos dias, ia ornamentando toda a casa com motivos natalinos que dava inveja ver a beleza de perfeição que ficava. Pingentes dos mais variados possivel. Bolas de todas as cores e tamanhos iam logo se destacando sobre o pinheiro que cultivava o ano inteiro. este ano, soube, mal coube na sala, mas o que eu gostava mesmo era de ver o tradicional Presépio, que encantava a quem quer que fosse. perdia horas espanando e lubrificando os personagens a velha engrenagem que fazia o rostinho do menino Jesus mover sorrindo. A pequena comunidade não escondia a ansiedade de vê-lo pronto e a tempo, tomando o espaço da frente da casa, e o rabo da vaquinha que mal cabia, ficava exposto pra fora do portão... Bastava a ordem pra criançada do bairro fazer fila à porta. até turista veio pra ver e posar pras fotos no último ano, e até, as três palmeiras que simbolizavam os magos, recebiam atenção especial: luzes brancas da raiz até as palmas mais altas, que da estação ferroviária se podia contemplar. Só eles bastavam pra iluminar a vila o mês de dezembro inteirinho! Mas como diz o ditado: tudo que é bom dura pouco. Por infelicidade que ninguém premeditou, Diniz, o turco, desconfiado do aumento exuberante de sua energia pagou especialistas pra correr fios na vizinhança e, como quem procura sempre encontra, o "gato" miou. Quase deu morte naquele Reveillon de 1998. Diniz adentrou a vila armado de porrete, possuído de ódio e sem temer cadeia, invadiu a casa do pobre infeliz. Foi um desastre. Num só golpe, despachou pros ares os bichinhos do presépio. Com outro, partiu Maria em duas. José que nem asas tinhas, voou pelo muro e se espatifou no meio da rua e da pobre vaquinha só restou mesmo o rabo, que consequentemente ficou preso as grades do portão.Por graças o menino Jesus não sofreu danos. Antes que se atrevesse, o filho caçula de Diva o arrebatou das palhas e correu gritando feito um louco que o turco estava com o capeta! Afonso, pelo que soube mais tarde, fugiu pelo muro dos fundos com a família e por imposição da situação, teve de ficar ausente por semanas... Poeira se acenta, e confusão se renova. Quando o filho do Lucildo engravidou Soninha, Afonso voltou que ninguém se deu conta, mas aconselhado pelo pe. Joaquim, decidiu abrir mão da picaretagem e vaidade que não bancava, e desde então, por causa de sua sacanagem o bairro perdeu sua melhor atração natalina. Ô turco miserável. Findou com a alegria do pobre!

**********


Ao contrário do Sargento Fonseca, que pra fazer seu Natal humilde porém, digno passava os meses racionando despesas, cortando supérfluos e ainda descontava prejuizos da mesada dos filhos. Eu mesma sou testemunha desta arbitrariedade. um crime contra menores...Violação dos direitos humanos!Cansei de ver Guilherme, seu filho mais velho virar madrugadas estudando pro vestibular com o rosto colado nos livros, contando apenas com auxílio da chama precária da vela de sete dias. Por graças, conseguiu classificar, mas em compensação está usando óculos!
Aqui em casa por mais que se racione, economize e se prive o ano inteiro, não muda nada! A começar pelas paredes que ha anos permanecem desbotadas. Os móveis da sala ultrapassados prosseguem como embriagados, balançam mas não despencam de vez e isto só serve pra afrontar meu bom humor diário, sem mencionar que a velha árvore de natal “centenária”, como diz Mariana, já tão depenada pelo tempo, não se agüenta de pé, mas ai de mim reclamar. Sampaio perde a paciência e some no mundo. O que me contenta ultimamente, é saber que ainda posso ser presença na bendita festa que sua empresa oferece. Só ela é suficiente pra bastar a alma de prazer e fantasia. Verdade. A festa da empresa é um evento pra ninguém botar defeito, principalmente, pras minhas crianças. Tem touro mecânico, tobogã na piscina, piscina de bolinhas... e pra todo canto que se mire, uma delicia nos convida a engordar.
Há dez anos que não perco uma! No início, esperta e atenta, não permiti perder pro tempo os melhores momentos deles ali. Era eu e a obsoleta máquina kodak à manivela, flash adaptável... E fui, ano a ano, registrando em fotos os sorrisos diferenciados de suas idades... Olhares estupefatos de alegria e ansiedade, sem falar nas poses hilárias ao lado do Papai Noel que todo ano, infalivelmente, surge do nada, sorridente trazendo presentes. Presentes bons!
Este ano nem sei se vou. João e Mariana cresceram e não querem mais nos acompanhar. Sei que faz parte da vida os filhos crescerem e partirem pro mundo, mas é tão difícil admitir sorrindo e conformada. A gente leva na barriga nove meses e finda por carregá-los nas costas o resto da vida, mas mãe não reclama. Mãe apenas, o faz! Pois é. dezembro ta ai, as pessoas correndo pras compras cheias de planos e eu aqui da janela continuo a esperar que a noite chegue logo trazendo paz pro meus devaneios tolos, enquanto que a única preocupação de Sampaio é, procurar investigar se a cerveja vai estar lá. Homens! Chego a suspeitar de que nunca se deram conta do maravilhoso espetáculo que a “Carioca Engenharia” promove com tanto carinho ali, onde tanta vida flui animando meus versos que fazem nascer tantos sonhos novos, e estes leigos, se perdem em conversas banais bebendo até envergar o tronco, arder à coluna e por fim, olhar pras esposas suspirando de cansaço pra somente dizer: Vamos nessa, amor?!

Marisa Rosa Cabral.

Seguidores

Comentando a vida alheia...

Oi, Sou a Rosinha compartilhando a vida cheia de graça com você. Do cotidiano onde, nada me escapa. nenhum detalhe se perde através das vidraças de minha janela, e pode acreditar, tudo narrado aqui, foi vivido na íntegra, eu apenas, acrescento a cada conto uma pitada deste bom humor sagaz e imperativo que Deus me deu!(risos)

Quem sou eu

Minha foto
Para Marisa Rosa Sou geminiana, sim! Sou geminiana sou, simples e complicada vaidosa e relaxada... uma mulher cheia de amor. Inconstante é-me a minha própria carne e se a timidez me persegue é ela minha indócil estrada que chega a tirar-me o fôlego. Meu choro é cheio como o mar e jorra livre como o vento e não esconde o que eu sinto quando minha face vive e expõe as faces dos meus sentimentos. Sou a chuva que busca a solidão no nostálgico das brumas a viciar-me na poesia que traço quando minha alma, o coração abraça e no peito uma mulher declama. Paulino Vergetti em 2 de Setembro de 2008 http://www.luso-poemas.net/modules/yogurt/index.php?uid=5737