quarta-feira, 14 de maio de 2008

Dia de Mãe é assim mesmo!

Amiga querida irmã!
Me perdoe o atrazo. Eu e minha mania de sonhar a perfeição... Imagine que passei a semana todinha pensando em compor um poema especial pra te dedicar no domingo das mães, passado já, como sempre faço, mas infelizmente não foi possível. meu dia deu quase todo pra trás! E olha que o imaginei tão especial, detalhes ricos e significativos que só a mãe sabe destingui-los.
Em contra-parte, este ano sonhando com um dia especial, fiz um programa repleto de novidades pra construir o meu dia e te mostrar depois, através das fotos que nem ousaram... Mas vou te contar como se deu: Pra começar, dispensei o chato do tio Alfredo alegando que almoçaríamos fora. O pobre fez uma cara que deu pena, mas ele com aquele linguajar de baixo calão e ainda, fedendo a cachaça, destoaria de tudo de belo que planejava. E implorei colaboração dos demais, mas parece que ninguém ouviu, e foi assim, tão de repente que tomei consciencia de que mãe, é a última a falar e quando entra em cena, já nem há platéia pra aplaudir ou vaiar...Somos as Protagonista de uma novela muda em preto e branco!
Sampaio sempre é o primeiro e já virou tradição de ousar seu jeito insensível e estragar os programas alheios. Categoricamente, não consentiu ir de carona pra final do campeonato de futebol dos aposentados do bairro! Ah, que ódio! Roguei tanta praga pro carro quebrar, pneu furar... Imagine que minutos antes, rezava a janela agradecida a Deus pela linda família que me deu... E logo no meu domingo exclusivo fiquei sem o carro e com isso, não pude resgatar as flores encomendadas semanas antes, as margaridas brancas que te falei. Pois é, já tinha até deixado o sinal adiantado pra não perder a promoção de (3,99) a dúzia, e encomendei seis dúzias mais as rosas vermelhas. Fazer o quê? Engoli o ódio, me conformei, mas consenti da mágoa me acompanhar durante aquele dia inteiro marcado por decepções. Passei o domingo imaginando e sofrendo, por não vê-las ali, sobre a mesa nova que compramos samana no crediário que sem dúvida: ficariam lindas no par de vasos de opalina que tia Lúcia me presenteou no Natal. Tantos meses guardados pra esse propósito, tanto trabalho pra arrancar a poeira acumulada, que a primeira vista, nem suspeitavam serem brancos, prá nada! Não pude adornar a mesa do almoço de meu dia! Dia lindo em que finalmente, estrearíamos à mesa, os vasos... e o perfume de rosas pelo ar! Foi bom pra eu aprender a sonhar menos! Fiz tudo imagiando cada gesto recebido, o tamanho de cada sorriso... Os filhos: João Pedro e Mariana me brindando a saúde nas taças de cristais coloridas que Janete me emprestou, aliás, coisa que eu lamento até hoje! Pois te digo que ela me pediu tanto, pra ter cuidado e ainda, não cansava de repetir: Essas taças foram de minha avó, todo cuidado é pouco!" - Juro que até fiquei com receio e mau pressentimento na alma, por isso, embalei-as em tantas folhas de jornais, quatro taças, depois, arrumei-as cuidadosamente na imensa caixa de papelão que Jorge me emprestou que ao final parecia mais com uma TV de 29 polegadas!
Muita cobrança da azar. Aprendi na pele esta experiencia. Lembro que certa vez, ainda solteira, tomei a enceradeira da Cacilda emprestada pra lustrar o assoalho pra festa de aniversario de Lindalva... Nossa! Dona Cacilda recomendou falou tanto quanto Janete, que quando eu liguei na tomada, o motor correu sozinho pela sala rodando, dando pancadas nas paredes, e eu atrás, gritando desesperada, com o cabo na mão... Pra encurtar a história, papai teve que pagar uma nova, e aquele treco desmantelado passou anos encostado a porta da cozinha me assombrando. Desde lá, jurei nunca mais pegar nada emprestado. Só quebrei a regra, porque era meu dia! E eu merecia qualquer risco, menos o risco de ficar fristrada como fiquei. A frustação maior veio após o café, quando eu já assava o Peru. João Pedro, aquele filho ingrato, veio se achegando , barbinha bem feita, cheirando a colonia e cheio de dengo pro meu lado, que eu já adivinhava que boa coisa não viria. Dito e feito! Antecipou-me o presente: um porta jóia "made in china" bonitinho, todo cravejado de pérolas e rendinhas que no mínimo, teria custado o dobro do valor de todas as minhas bijuterias, em que após o abraço e com cara de lamento, comunicou que passaria o domingo no sítio dos avós de sua noiva, Renatinha. Amiga, você sabe que eu sempre falei bem de Renatinha, mas vou admitir com toda minha alma, que a decepção foi tanta, que até hoje não quero ver, saber ou ouvir falar de Renatinha aqui em casa! Mas, ironias acontecem, e minha vida é celeiro destas. Era João Pedro partindo e o ponteiro do peru subindo e eu me perguntando: o que é que eu vou fazer com este peru enorme? Fiquei aflita, amiga. me deu logo aquela falta de ar e o coração vacilando de taquicardia... Coração de mãe vive sempre por um fio, e o meu, de uns tempos pra cá, deu pra disparar que tranco a boca com medo que salte por ela e fique a saltitar pelo chão. Respirei contando até três, como Gilda me ensinou, buscando lembrar somente das coisas boas que naquele momento parecia não ter havido uma, mas en fim, retornou ao compasso e eu ali, mirando o peru, mas ignorando o fato e fingindo tranqüilidade. maldita hora que eu dispensei tio Alfredo! sampaio só retornaria do jogo quase a noitinha, envergando de bebado. João Pedro com certeza só voltaria na manhã seguinte. Só restávamos eu e Mariana pra almoçar, que é o mesmo que nada! Desde Janeiro que menina aderiu a moda do fastio! Não sei quem inventou a mentira de que mulher seca desperta tesão! Desde lá que no café permite apenas, duas torradas LIGTH e chá com adoçante. No almoço e jantar, um filet de peito de frango GRELHADO e três folhas de alface, quatro ela não permite, bastam pra alimentá-la. As frutas, legumes e os biscoitos que tanto adorava, deixaram de ter valor... Dói em mim, vê-la caminhar pela casa com um soriso apático, pálida e seca se mirando no espelho, e ainda, achando-se GORDA! Sampaio nem aí. Diz que é bom ser magra, mas no fundo só vibra pela despesa que diminuiu radicalmente! Levei-a no psicólogo que cuida da Vaninha, filha da Creuza, e somente depois de cinco cessões, Rs 80,00 reais cada, ele diagnosticou que era apenas uma fase. Logo passaria.
Amiga, agora é moda essa tal de fase. Tudo é fase! Só que comigo a fase soa diferente. "Rosinha fase isso, Rosinha fase aquilo" ... E eu faseando tudo! A única fase que não passa é a da mãe esquecida e ultrapassada. Hoje me sinto como aquelas calças boca sino, lembra?! Meio-dia em ponto, o relógio da sala bateu. Olhei em volta pecebendo a casa deserta e triste, e sobre a mesa, apenas, três folhas de alface enfeitando o prato de Mariana que havia me ligado não sei de onde, dizendo que só viria pro jantar. Pensei com lágrimas que aquela, era a única cena que não imaginei. Só não morri por que o espírito de vingança é sempre maior, mas confesso que naquele momento, há muito que desisti do peru e retornei os vasos pra cima do duplex prá somente deitei-me à rede na varanda e questionar a vida. Adormeci ali e só despertei muito tarde, com o carinho da mão fria de tio Alfredo me sorrindo com aquele bafo de cachaça me oferecendo um buquê de rosas lindas. A noite, após o jantar, afinal aquele peru teria de ser consumido, Mariana me trouxe uma caixinha de veludo guardando um anel de ouro que ela e o pai, em segredo, sairam cedo pra comprar. Por isso fez questão do carro! Pensei constarngida.Não demorou e João Pedro retornou a tempo de pegar o jantar. Veio só, e com cara de arrependido! Deu pena de ver meu filho assim. A noite, aconchegada ao leito macio e cercada de silencios, Sampaio se achegou e com um beijo terno em minha face encharcada de cremes me sussurrou ao ouvido dizendo que eu era a mulher mais teimosa e tola que tinha conhecido, mas que independente do fato, me amava muito!
Só aquele gesto bastou, pra me fazer esquecer grande parte do mal que eu criei ao dia, e ainda me fez voltar o olhar pra mesma janela,onde cortinas deslizavam tranquilas, e que não mais um sol ardia, mas um luar de poesia imensa me convencia a crer que apesar de todo sacrifício e doação, ser mãe, vale à pena!
Marisa Rosa Cabral.

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Oi, Sou a Rosinha compartilhando a vida cheia de graça com você. Do cotidiano onde, nada me escapa. nenhum detalhe se perde através das vidraças de minha janela, e pode acreditar, tudo narrado aqui, foi vivido na íntegra, eu apenas, acrescento a cada conto uma pitada deste bom humor sagaz e imperativo que Deus me deu!(risos)

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Para Marisa Rosa Sou geminiana, sim! Sou geminiana sou, simples e complicada vaidosa e relaxada... uma mulher cheia de amor. Inconstante é-me a minha própria carne e se a timidez me persegue é ela minha indócil estrada que chega a tirar-me o fôlego. Meu choro é cheio como o mar e jorra livre como o vento e não esconde o que eu sinto quando minha face vive e expõe as faces dos meus sentimentos. Sou a chuva que busca a solidão no nostálgico das brumas a viciar-me na poesia que traço quando minha alma, o coração abraça e no peito uma mulher declama. Paulino Vergetti em 2 de Setembro de 2008 http://www.luso-poemas.net/modules/yogurt/index.php?uid=5737