quarta-feira, 30 de maio de 2007

Oswaldo Cruz... Meu bairro é poesia.


Nasci, cresci e me casei em Osvaldo Cruz.
Não me assusto em constatar que morrerei por cá também.
Falando assim, até parece que é sina ruim,
Mas com alegria contagiante declaro, que
Sou suburbana feliz e praticante!

Meu bairro fica bem ao lado de Madureira.
Subúrbio da Cidade Maravilhosa!
Citam-no como raiz do samba, terra de gente bamba,
Berço da gafieira em quintais de manga rosa.

Mas o que percebo é um povo humilde, chinelos gastos, roupas simples, sorriso sincero e um devotado:
Bom dia! Boa tarde! Boa noite! e Como vai?
Que até parece verso decorado.

É natural ouvir da janela um pedido de favor,
Que vai de uma simples panela grande, um xarope, um cobertor, uma carona pra maternidade, e até um ombro
Pra derramar mágoa e dor.
Se essa gente é bamba não sei.
O que sinto, é que na cadência diária do trem que parte, e chega, tem mesmo um batuque de samba.
Uma marcação cerrada que nos adverte pro trabalho,
Pra escola, pras compras...
Em fim, pra vida nossa de cada dia.

Penso se não foi nessa cadência que chegou a “inspiração”
No peito de um caboclo apaixonado.
Pois dizem que um boêmio bem trajado,
Terno de linho e cravo na lapela.
Por este encanto inspirado, criou a nossa “Portela”.

Hoje tenho quarenta e oito anos exatos!
E vivo aqui voluntária de alma e alegria,
Agregada a esta grande família que
Estende-se de um lado a outro da ferrovia.

Desde lá, 1959, que assisto o preguiçoso progresso se atrever.
O que antes eram pastos verdes, brejos e vacarias
Hoje se formou vilas de casas que abriga famílias,
Crias de antigas famílias.
Findou-se a famosa granja somente pra comportar
a civilização recém chegada,
pois somente esta se atreveu em crescer galopante,
Mas muito determinada.
Novidades chegaram também.
Hoje podemos contar com duas drogarias.
Quatro boas padarias, que disputam acirrados
Pães fresquinhos a toda hora, para toda freguesia.

Senhor João ainda mantém se mercadinho
E sem que ninguém perceba, este
Cresce a cada ano um bocadinho.
Temos escolas grandes pra incentivar a cultura.
E se não for preguiçoso o bom moço,
Logo mais adiante fica a linda floricultura.

No antigo campinho da Rua Pereira de Figueiredo,
Que abrigava a frondosa e inesquecível mangueira,
Uma fábrica se instalou e não é que deu certo!
Hoje já são duas. Opa, três! Quatro fica correto!

Onde jorrava inesgotável o tradicional “bicão”
Ergueu-se a mansão azul de janelas branquinhas,
Varanda ampla e cercada por plantas verdinhas.
Extinguiram-se as famosas lavadeiras
Com suas trouxas de roupas cheirando a jasmim,
Mas compensou.
Hoje só moça faceira de mini-saia,
É quem passeia e encanta naqueles jardins.

Osvaldo Cruz é terra de tantas marias,
E as filhas destas, casaram-se e ficaram por aqui.
Famílias pobres e de altas patentes.
Mas em todas nasce um inteligente.
E é assim que vive minha gente passeia tão displicente
No meio de tantos a sorrir.

Nem vou citar os famosos que por aqui fizeram histórias.
Deixa-os adormecidos no leito fogoso da memória,
Pois os que daqui partem e, que não seja por morte,
Sempre voltam pra curtir um pouquinho
desse doce pedacinho de paz, que resiste a toda sorte.

Aqui não tem favelas.
Apenas algumas casas velhas carecendo de reformas...
E enquanto a grana não se apressa,
Toda essa gente se conforma.

Oswaldo Cruz é um porto seguro
sempre de braços abertos a nos receber.
Um humilde paraíso longe da maresia do mar,
das belas florestas e nem nos alcansa o abraço do Cristo Redentor,
Mas nas noites de inverno tem o mais belo luar
Que da sacada fico a meditar ao léu,
Se não é isto cá, um pedaço do céu.

Sempre que me perguntam como é meu bairro
Digo convicta, que é o quintal de minha casa,
A janela de minha sala,
As alegrias de meus canteiros,
E o ano todo é fevereiro!

Ah... Meu nome é Marisa Rosa Cabral,
mas aqui serei simplesmente, "rosinha" contando casos hilários.

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Oi, Sou a Rosinha compartilhando a vida cheia de graça com você. Do cotidiano onde, nada me escapa. nenhum detalhe se perde através das vidraças de minha janela, e pode acreditar, tudo narrado aqui, foi vivido na íntegra, eu apenas, acrescento a cada conto uma pitada deste bom humor sagaz e imperativo que Deus me deu!(risos)

Quem sou eu

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Para Marisa Rosa Sou geminiana, sim! Sou geminiana sou, simples e complicada vaidosa e relaxada... uma mulher cheia de amor. Inconstante é-me a minha própria carne e se a timidez me persegue é ela minha indócil estrada que chega a tirar-me o fôlego. Meu choro é cheio como o mar e jorra livre como o vento e não esconde o que eu sinto quando minha face vive e expõe as faces dos meus sentimentos. Sou a chuva que busca a solidão no nostálgico das brumas a viciar-me na poesia que traço quando minha alma, o coração abraça e no peito uma mulher declama. Paulino Vergetti em 2 de Setembro de 2008 http://www.luso-poemas.net/modules/yogurt/index.php?uid=5737