quinta-feira, 12 de julho de 2007

A verdadeira história do apagão aéreo.



Dindi e Gabi chegaram ontem pra passar o final de semana. Minhas lindas sobrinhas: 6 e 9 anos. Vieram pra assistir a queima dos fogos do São João que acontece aos primeiros minutos do dia 24. Hábito a que primo cultuar, mas não vai além de uma gostosa e saudável tradição que a família mantém desde os tempos de vovó Aristhéa.
Por motivo de “força menor” me recolhi mais cedo ao leito. Dindi sugeriu uma historinha pra matar a saudade, mas estava sem ânimo. Perdi parte do dia driblando um carrinho dentro do Supermercado, cheio e tumultuado, o que me levou todo humor e inspiração. Deus me perdoe, mas as coisas andam caríssimas! E o pior, a cada dia um preço novo. O shampoo de lanolina que Mariana me pediu ficou pro próximo mês, assim como o vinho branco de Sampaio. Mas, pra não desapontá-las, (coisa chata, é ver criança triste) disse que cantaria uma cantiga da época, antes, porém, relembrei as noites de minha infância, em que, soltávamos balõezinhos de papel fino. Todos muito coloridos que subiam como passarinhos noturnos, decoravam todo o céu de luzinhas- “céu de vaga-lumes” comentei. Dindi nesse momento fechou os olhinhos, abraçou seu coelhinho, suspirosa, que até pensei: deve estar imaginando um céu igual. A penumbra do abajur lilás, comecei a cantar baixinho, quase sussurrando...“Chegou a hora da fogueira/ É noite de São João/ O céu fica todo iluminado/ Fica o céu todo estrelado/ Pintadinho de balão...”
Gabi que aos nove anos, vive a idade típica do “por que”, me interrompeu. – Tia Rosinha, por que não fica mais pintadinho de balão como na sua época? Sorri e expliquei muito paciente, que os balões foram crescendo de tamanho, no lugar da bucha simples, começaram a usar botijas de gás, com isso, provocava acidentes graves, queimadas... Dindi abriu os olhinhos e se atreveu no assunto. _ Daí veio o aquecimento global né tia Rosinha? Sorri daquela doce inocência astuta, e concordei. De fato, contribuíam para isso. Prossegui contando, que eles além de crescerem, ficaram mais lindos. Levavam imagens vislumbrantes de personagens encantadores... Neste momento me veio à mente um famoso e muito comentado que trouxe A inesquecível dentuça “Mônica” personagem muito famosa do cartunista Maurício de Souza! Mas, com os constantes e graves acidentes provocados pelos balões gigantes, soltos por homens inconseqüentes, a justiça resolveu proibir terminantemente a prática. -O São João ficou triste? Perguntou Gabi chorosa. Abracei minha pequenina comovida, e respondi que não. Somente o céu não ficava mais colorido e pintadinho de balões, mas que as estrelas fazem o espetáculo por eles. Dindi novamente interferiu. -Daí, veio o famoso apagão aéreo não é, tia Rosinha? Gargalhei folgada e concordei. Sim, foi assim, que tudo começou, e hoje, até avião faz protestos contra a dura decisão da justiça, em proibir os lindos balões que me encantavam.

2 comentários:

Manoel Virgílio disse...

Delicioso causo. Quer pelas reminiscências das festas de São João, quer pela conversa com as sobrinhas, e suas perguntas típicas de crianças e a lógica infantil. Um momento mágico, graças à sua sensibilidade de escritora. Mas, uma coisa, que as sobrinhas não poderiam perguntar: - se os balões foram proibidos pelo exagero no tamanho, pelas buchas a gas, etc, por que proibiram , também, os balões japoneses, tão pequenos? Implicância com algo que era tão belo? Beijos do amigo Virgílio

Anônimo disse...

Ahhh, minha amiga...
Nos e' que tivemos infancia, ne'?
Nao havia tamanha violencia...
E havia balao...
Grata por trazer de volta recordacoes tao preciosas!
Bjkas!
Sonia Ortega

*

Seguidores

Comentando a vida alheia...

Oi, Sou a Rosinha compartilhando a vida cheia de graça com você. Do cotidiano onde, nada me escapa. nenhum detalhe se perde através das vidraças de minha janela, e pode acreditar, tudo narrado aqui, foi vivido na íntegra, eu apenas, acrescento a cada conto uma pitada deste bom humor sagaz e imperativo que Deus me deu!(risos)

Quem sou eu

Minha foto
Para Marisa Rosa Sou geminiana, sim! Sou geminiana sou, simples e complicada vaidosa e relaxada... uma mulher cheia de amor. Inconstante é-me a minha própria carne e se a timidez me persegue é ela minha indócil estrada que chega a tirar-me o fôlego. Meu choro é cheio como o mar e jorra livre como o vento e não esconde o que eu sinto quando minha face vive e expõe as faces dos meus sentimentos. Sou a chuva que busca a solidão no nostálgico das brumas a viciar-me na poesia que traço quando minha alma, o coração abraça e no peito uma mulher declama. Paulino Vergetti em 2 de Setembro de 2008 http://www.luso-poemas.net/modules/yogurt/index.php?uid=5737